José Carlos Fernandes

José Carlos Fernandes

Não se poderá propriamente dizer que se trata de uma BD dedicada ao Jazz, mesmo se ela parte do Jazz: A pior banda do mundo é um quarteto desprovido de talento, composto por Sebastian Zorn (saxofone tenor), Idálio Alzheimer (piano), Ignacio Kagel (contrabaixo) e Anatole Kopek (bateria), que nunca logrou ser contratado.

A partir daqui, e ao longo de seis volumes: O Quiosque da Utopia, O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante, As Ruínas de Babel, A Grande Enciclopédia do Conhecimento Obsoleto, O Depósito dos Refugos Postais, Os Arquivos do Prodigioso e do Paranormal (posteriormente reunidos em dois volumes) – José Carlos Fernandes espraia-se por uma infindável série de situações inverosímeis, retiradas de um quotidiano surrealista pleno de imaginação e humor.

Nas histórias que escreve, Fernandes recorre a um sem-número de referências literárias, musicais ou cinematográficas, que atestam uma invulgar erudição, que atravessa transversalmente a cultura clássica e a pop. Personagens e situações; dir-se-iam retiradas indiferentemente de Kafka, Lynch, Poe, Bradbury, Gabriel García Márquez, Bauhaus, Laurie Anderson, John Zorn ou Lewis Carroll; com uma rara inventiva e preocupação, até linguística. Melómano ecléctico, José Carlos Fernandes fez crítica de música (e de Jazz) na Time Out, Observador e outras publicações.

Um dos mais prolíferos e premiados desenhadores portugueses, com quase quatro dezenas de trabalhos editados entre 1993 e 2011, José Carlos Fernandes deixou, infelizmente, de desenhar.

Obra notável da BD portuguesa, José Carlos Fernandes obteve o prémio para o Melhor Álbum Português de 2002 pelo Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora para A pior banda do mundo; entre outros prémios, nacionais e internacionais.

A exibição desta prancha, retirada do primeiro volume da obra, foi autorizada pelo autor, com a aquiescência da editora Devir.